Reunião: Em busca do elo perdido

Era uma noite escura e chuvosa. Bom, estava escuro, mas não tinha chuva nenhuma. Se você lê e acompanha o TMA, sabe que faço o 3º ano do ensino médio, e claro (infelizmente ) existem situações que não podemos evitar. Aula da saudade e Formatura ( até poderia não participar, mas não iria deixar de me divertir por causa de alguns Adoradores da impunidade - já falei deles aqui ), pois então, não vendo outra alternativa, vou participar.

O problema de participar dessas "coisas" é que você não vai simplesmente chegar lá no dia e festejar, antes disso, tem toda uma organização e as temidas ( eu disse TEMIDAS ) reuniões. Voltando à história, nessa noite, ficou acertado de que haveria uma reunião para decidirmos o que fazer na Aula da saudade, como era após a aula, não precisaria me dar ao trabalho de mover sequer um dedo, bastava ficar na sala de aula. Fiquei.

Bom, sinceramente, por mim não teria ficado, mas como vou de carona (triste vida de estudante) e o meu caroneiro decidiu irredutivelmente ficar, só teve um jeito:  - mesmo com toda minha consternação - tratei de fixar minha bunda em uma carteira e esperar.

As perspectivas não eram boas, como obviamente previ, poucas pessoas ficaram para a tal reunião ( e mesmo entre poucos, não me dou bem com alguns ). Usei do meu maior trunfo e artifício: O silêncio. Se tem alguma coisa que faço bem, é ficar calado. Manolo, sempre fico observando o que os outros estão fazendo e analisando cada detalhe, por isso não esqueçam, se me verem com "cara de paisagem", pode ser que não esteja pensando nos lanches da "tia da cantina", mas sim em algo, digamos, relevante.

Mesmo com minha "cara de paisagem", logo trataram de me incluir na conversa ( maldito convívio social ) e sem nem ao menos pensar duas vezes, abri meu sorriso amarelo e falei poucas palavras. Me pediram opiniões sobre a Aula da saudade e, na realidade, até tinha "várias" ideias, mas não falei. Não falei por que sei que como sempre, não vai adiantar de nada.

Não é sempre que tenho boas ideias, admito, mas quando as tenho, exijo o devido respeito e por isso mesmo é melhor eu ficar em silêncio. Esse pessoal escuta as ideias e se não for do agrado deles, foda-se, então nem adianta. Se existe algo que a humanidade inventou e sempre dá em merda nenhuma, é reunião. E não é só por ser uma merda em si, mas também por causa das coisas que tive que ouvi por longos minutos, como "Precisamos fazer alguma coisa que os alunos do ano que vem vejam e pensem, o 3º ano de 2011 que fez!". Acho que há limites para autopromoção, manter a dignidade sempre é bom.

Ainda teve gente que estava mas preocupada com o corte de cabelo do que com as decisões da reunião ( nada contra, mas sem dúvida não era a ocasião para tais comentários ). Sem falar de outras pessoas:

Macaco-aranha: - "Já pode ir?" *cara de retardado*

Cão da neve: - Podia ir desde a hora que tocou, NINGUÉM obrigou você a ficar aqui. *cara de: vai se foder*

Bem, não disse isso, mas vontade não faltou.

Não sei se são meus princípios, ou algo haver com minha antipatia seletiva, mas não consigo aceitar gente que se passa em certas situações. Tenho um certo nojo de ver essas idiotices e não fazer nada, às vezes fico calado por não querer brigar ou discutir com ninguém, mas mesmo não sendo totalmente sincero não chego a ser como "eles" ( leia-se alguns ). No fim das contas, ficou um gosto amargo *momento interpretação literária*, quero dizer que ficou um clima muito estranho na reunião e mesmo depois de chegar em casa, não me sentia bem.

Quanto as decisões tomadas sobre a Aula do alívio da saudade, que eu saiba, não deu em nada. Mas vamos ver, vamos ver.

Obs: O título, Reunião: Em busca do elo perdido, toma por base não só o acontecimento em si, mas a busca ( mesmo que imperceptível ) do respeito entre uns e outros. O elo perdido, é então, o respeito inexistente entre as partes, pelo menos o respeito de verdade, fingir respeitar é fácil, difícil é consegui-lo verdadeiramente.